Você provavelmente já notou que, depois de alguns meses de uso, a
bateria do seu laptop ou do smartphone parece durar menos. Não é
defeito: baterias de íons de lítio podem mesmo perder capacidade à
medida que vão sendo utilizadas. Só nunca ficou claro o porquê. Até
agora: cientistas do Departamento de Energia dos Estados Unidos
finalmente conseguiram resolver este enigma.
Relatada em dois estudos publicados recentemente na Nature Communications,
a descoberta aponta para a existência de nanocristais como “culpados”
pela perda progressiva e lenta, mas cumulativa da capacidade das
baterias de íons de lítio, o tipo mais utilizado pela indústria
atualmente.
Quando você usa o celular, o notebook ou qualquer outro dispositivo, a
energia proveniente da sua bateria vai sendo consumida, isto é óbvio.
Neste processo, os íons de lítio conseguem transportar sua carga
elétrica entre os eletrodos da bateria por meio de uma substância
condutora conhecida como eletrólito.
O que já se sabia é que, à medida que esta movimentação acontece, as
estruturas dos eletrodos sofrem uma espécie de erosão. Em outras
palavras: quanto mais a bateria trabalha, mais os eletrodos se degradam,
fazendo com que a capacidade total do dispositivo diminua
progressivamente.
A ciência nunca conseguiu deter este efeito por não entender
exatamente como esta “corrosão” ocorre. Após extensa observação, o que
os pesquisadores norte-americanos descobriram é que, quando se movem, os
íons de lítio reagem com o óxido de níquel que faz parte da composição
da bateria, produzindo nanocristais de sal.
Encare estes minúsculos cristais como uma “praga”: de certa forma,
este material causa alterações nas estruturas internas da bateria e, ao
mesmo tempo, faz com que os íons se movam de maneira menos eficiente.
Com o culpado encontrado, tudo o que os cientistas precisam fazer
agora é combater este cristal, certo? Sim, mas esta é uma missão tão
complicada que já está sendo alvo de outros estudos.
O que acontece é que, por mais sofisticada que seja a construção das
baterias, os materiais que as compõem sempre possuem imperfeições que,
apesar de extremamente pequenas, são suficientes para permitir que cada
um destes pontos se tornem depósitos de cristais. Se não fossem por
estas irregularidades, o acúmulo do sal seria bem menos efetivo, quiçá
inexistente.
Como as imperfeições ocorrem em nível molecular, há pouco ou nada que
possa ser feito para evitar a sua formação. Por conta disso, o caminho
mais natural tende a ser o de combater o acúmulo de nanocristais.
Para tanto, uma das apostas dos cientistas está em revestir os
eletrodos da bateria com algum tipo de material capaz de preencher os
espaços oriundos das imperfeições e, assim, amenizar o acúmulo de
cristais.
Já há uma equipe trabalhando nisso, inclusive, mas o desafio é dos
grandes: além de permitir o funcionamento normal da bateria, os
cientistas precisam avaliar os níveis de viabilidade e eficiência da
técnica, o que exigirá bastante tempo.
Seja lá como for, ter um caminho para trilhar já é um grande avanço,
afinal, não faz muito sentido contar com baterias com cada vez mais
capacidade, mas que parecem se desgastar quase que na mesma proporção.
Com informações: ExtremeTech, Brookhaven Lab
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