Já há algum tempo não falamos sobre
Windows 10 e a data de seu lançamento oficial se aproxima. As etapas de desenvolvimento (“
builds”) têm sido liberadas e instaladas nas máquinas dos usuários que aderiram ao programa “
Windows Insider”
em um ritmo cada vez mais acelerado (Esta coluna está sendo digitada em
uma máquina que roda a etapa 10122 e espera-se para breve a liberação
da 10130) e a interface já sofreu mudanças significativas desde que o
programa foi lançado.
Em resumo: estamos bastante próximos do dia em que o novo sistema operacional da
Microsoft estará disponível para ser instalado nas máquinas dos usuários.
Então
talvez esta seja a época ideal para fazer uma revisão daquilo que se
sabe (e não se sabe) sobre o novo sistema operacional para que os
leitores, principalmente aqueles que não vêm acompanhando de perto o
desenvolvimento de Windows 10, possam saber “em que pé estão as coisas”
no que toca ao dito sistema.
Vamos então responder algumas
questões para tentar destrinchar o assunto juntando informações
fornecidas pela própria MS em seus eventos sobre
Windows, obtidas em artigos de analistas de TI e incluídas em sítios especializados no novo sistema.
Então, mãos à obra; Vamos às perguntas, começando pela mais importante:
O que é Windows 10?
A
resposta mais simples seria: “Windows 10 é a mais nova versão do
sistema operacional da Microsoft”. Mas isso, embora verdade, seria
simplificar demais as coisas. Windows 10 é muito mais que isso. Não
somente é uma versão inteiramente nova como adotará um sistema de
comercialização totalmente diferente (o “SaaS”, ou “Software as a
Service” que será discutido adiante) e foi desenvolvida passo a passo
ouvindo – e respeitando – as opiniões do usuário. Windows 10 é a revisão
mais completa e radical de uma versão do sistema operacional jamais
realizada em toda a história de Windows.
Quanto custará?
No
princípio, e para a maioria dos usuários, nada. Sim, parece
inacreditável, mas durante o primeiro ano a partir da data do
lançamento, os usuários que tenham instalado em suas máquinas cópias de
Windows 8.1,
Windows 8 e
Windows 7
(que, juntos, perfazem cerca de 75% dos usuários de sistemas
operacionais para máquinas de mesa) se assim o desejarem, receberão o
Windows 10 como uma atualização regular de sistema a custo zero e nada
mais terão que pagar por ela enquanto a mantiver instalada (há quem diga
que isto ocorrerá independentemente da cópia substituída ser ou não
legal, mas este ponto não foi oficialmente confirmado).
Quanto aos usuários de cópias de outras versões de Windows, como
Vista e
XP
(o sistema que se recusa a morrer e que, surpreendentemente, quatorze
anos depois de seu lançamento e já sem receber suporte oficial da MS,
ainda detém 16% dos usuários, uma fatia de mercado maior que a detida
pela soma dos usuários de Windows 8 e 8.1), ainda não se sabe se terão
que pagar e, caso positivo, quanto. Como ainda é igualmente nebuloso o
fato de quanto será cobrado pelo sistema após transcorrido o primeiro
ano depois do lançamento.
Quando será lançado?
De
acordo com a palavra oficial da MS, o lançamento se dará “ainda neste
verão” (lembrando que o verão no hemisfério Norte corresponde a nosso
inverno). Isto é o que está confirmado. Mas fontes bem informadas
especulam que o lançamento será feito na segunda quinzena de julho
próximo. E há quem especule, já que Windows 10 será instalado como uma
atualização regular e como a MS distribui atualizações sempre às
terças-feiras, que o lançamento será feito ou 21 ou 28 de julho. Mas
isto, em minha opinião, já é especular demais…
O que é o programa “Windows Insider”?
O “
Windows Insider”
é um programa criado pela MS em 30 de setembro de 2014 (ao qual esse
imodesto colunista que vos escreve aderiu pouco mais de um mês após o
lançamento) que permite aos usuários interessados no desenvolvimento do
sistema (e, sobretudo, em dar “pitacos” sobre ele) instalar em suas
máquinas as sucessivas etapas de desenvolvimento (“
builds”) do sistema operacional à medida que vão sendo liberadas pela MS.
O
programa possibilita não apenas que os usuários acompanhem as mudanças
introduzidas no SO ao longo do processo de desenvolvimento como também
oferece um canal de comunicação entre esses usuários e a MS para que
possam interferir no processo de desenvolvimento fazendo sugestões e
exprimindo suas opiniões sobre tais alterações (o canal é denominado
“hub de internas”, uma péssima meia tradução de “
Insider Hub”, cuja interface pode ser vista na Figura 2). Além disto o “
Hub”
fornece informações relevantes sobre as novas funções introduzidas,
oferece artigos sobre as novidades mais importantes e provê uma página
de Alertas.
Hub de internas (Foto: Reprodução/Microsoft)
No
final de janeiro passado havia um milhão e meio de usuários
participando ativamente do programa e, o que é mais importante, suas
opiniões têm sido efetivamente respeitadas pela MS, que já efetuou
diversas alterações no sistema para atendê-las. Um bom exemplo é o
retorno das janelas translúcidas da interface “Aero Glass” de Windows 7,
reintroduzidas por sugestão dos “
Insiders”, assim como
diversas melhorias e alterações no Menu Iniciar (que, por sua vez,
também é um resultado do clamor dos usuários de Windows 8.x contra seu
desaparecimento).
Uma observação pessoal: ao que parece, após
o desastroso fiasco de Windows 8, a MS aprendeu ama valiosa lição: seus
usuários têm, sim, uma clara opinião formada sobre o que esperam de uma
boa interface e sabem, e muito bem sabido, o que querem. E não admitem
que lhes seja enfiada goela abaixo uma versão de interface que não lhes
satisfaz, concebida por algum pseudo-gênio visionário, simplesmente se
recusando a usá-la.
O respeito à opinião do usuário, materializado pela criação do programa “
Windows Insider”
e que eu venho acompanhando quase desde seu início, tem se
consubstanciado em um sistema cada vez mais intuitivo, amigável e
simples. Se isto vai resultar na adesão em massa de usuários, não sei
(particularmente estando os usuários de máquinas de mesa tão ressabiados
com a péssima interface de Windows 8 quando operada com teclado e
mause), mas posso apostar que certamente não resultará na repulsa
coletiva que a interface de Windows 8 inspirou nos usuários de Windows 7
Quantas serão as versões de Windows 10?
A
MS não se manifestou oficialmente sobre o assunto. Por enquanto os
analistas presumem que, para usuários comuns, haverá ao menos as
seguintes versões:
- Windows 10 Home;
- Windows 10 Professional;
- Windows 10 Mobile (para dispositivos móveis de telas pequenas sensíveis ao toque);
- Windows 10 Enterprise (para corporações).
Além
disso, espera-se (mas nada há de oficial à respeito) que exista um
Windows 10 mais “leve” para rodar em dispositivos com processadores
menos potentes como os ARM, uma versão “industrial” que equipará
quiosques e pontos de venda, uma versão específica para equipar o
“Surface Hub”, o sistema de trabalho em conjunto da MS baseado em uma
tela grande sensível ao toque e interativa, além de versões embarcadas
para dispositivos conectados via “Internet das coisas”, que vão de
carros a geladeiras. Haverá ainda outras, igualmente específicas e
apenas fornecidas previamente instaladas em dispositivos. Mas as de uso
comum, que podem ser instaladas pelo usuário, são as quatro listadas
acima.
Quando uma nova versão sucederá Windows 10?
De
acordo com os planos atuais da MS, nunca. Windows 10 será a derradeira
versão de Windows. Mas isso não quer dizer que a empresa planeja o fim
do sistema operacional, tem a ver apenas com a nova modalidade de
distribuição do sistema mencionada no início, ou seja, “Software como
Serviço” (“SaaS”).
Nesta modalidade, a evolução do sistema
não será materializada via instalação de nova versão, como vinha sendo
feito até agora (de Windows 3, a primeira versão “usável” de Windows
lançada em 1991, até Windows 8, passando por todas as versões
intermediárias). A evolução, mesmo quando implicar uma etapa de mudanças
radicais, será feita automaticamente através do mesmo processo de
atualização do sistema que é adotado hoje, o “Windows Update”.
E
a MS pretende deixar isso claro fazendo com que o próprio Windows 10
seja transferido para as máquinas dos usuários usando este procedimento.
Resumindo: Windows não deixará de evoluir. Apenas esta evolução não
mais se dará abruptamente, com a instalação de toda uma versão completa
(exceto na primeira vez, naturalmente), mas sim de sucessivas e
regulares alterações instaladas via Windows Update, independentemente da
interferência do usuário. A exceção será a versão Windows Enterprise,
que permitirá aos administradores de sistema escolher quando e quais
atualizações serão instaladas, devido à necessidade de manter a
homogeneidade do parque de máquinas instaladas.
O que é Cortana?
Ou, talvez ficasse melhor, “quem é
Cortana?”…
Cortana
é a “assistente digital” de Windows 10, que cumpre os papeis de Siri
nos Apple e Google Now no Android. Funciona como se a assistente
estivesse permanentemente “escondida” dentro dos dispositivos que
rodarão Windows 10, permanecendo atenta à forma pela qual o usuário
utiliza o sistema, seus contatos, suas mensagens e coisas que tais,
familiarizando-se assim com o comportamento do usuário e agindo de
acordo com o que depreendeu de sua personalidade.
Ela é
acionada por comandos de voz e “responde” igualmente via voz, chegando
ao ponto de manter uma conversação com o usuário. Infelizmente, para nós
cá do patropi, Cortana ainda não é versada em nosso idioma. Segundo a
MS, ela só irá aprender português em 2016.
O que são os “Aplicativos Universais” do Windows 10?
Aplicativos
Universais de Windows 10 são versões especiais de programas capazes de
rodar sem alterações perceptíveis (exceto, naturalmente, no que toca à
interface) em qualquer dispositivo onde Windows 10 esteja instalado,
independente da forma de acionamento (tela sensível ou não) e do tamanho
da tela.
Isto permitirá o acesso aos arquivos criados por
estes programas de qualquer dispositivo, permitindo que os ditos
arquivos sejam vistos, editados e regravados. Se estes arquivos
estiverem armazenados na nuvem, podem ser acessados pelo aplicativo
universal que os criou a partir de qualquer dispositivo.
Isso permitirá, por exemplo, começar um trabalho na máquina de mesa do escritório, dar prosseguimento a ele no
Windows Phone no metrô, voltando para casa, e encerrá-lo no micro portátil ao chegar em casa.
A MS anunciou o lançamento da versão 2016 de seu pacote
Office
para o segundo semestre deste ano, informando que seus aplicativos
serão universais e, na recente edição 2015 de seu evento “BUILD”,
voltado para desenvolvedores, anunciou que colocava à disposição desses
desenvolvedores ferramentas de programação específicas para a criação de
aplicativos universais
O que é o “Continuum” em Windows 10?
Continuum
é uma funcionalidade agregada ao Windows 10 que permite aos aplicativos
que rodam em Windows 10 adaptarem sua interface com o usuário ao fator
de forma do dispositivo em que está rodando (é, portanto, uma
funcionalidade chave para que os aplicativos universais sejam bem
sucedidos, mas não se aplica apenas a eles).
Por exemplo: se
um dispositivo móvel tipo notebook ou tablete dispõe de uma tela
sensível ao toque e de um teclado removível e está rodando Windows 10
com o teclado conectado, caso o usuário remova o teclado durante uma
tarefa, a interface se ajusta e ativa imediata e automaticamente ao modo
“tablete”, que faz com que todos os aplicativos carregados passem a
rodar em tela cheia, aumenta ligeiramente o tamanho dos ícones e permite
que o usuário acesse o Menu Iniciar no estilo Windows 8 (embora
bastante aprimorado). Tudo isto é controlado pela funcionalidade
“continuum”.
Mais alguma coisa interessante?
Sim,
muita, mas afinal isto não é um tratado sobre Windows 10, é apenas uma
coluna que pretende atualizar os leitores sobre os aspectos mais
relevantes do sistema. Porém, sem entrar em detalhes, dá para lembrar
de:
- “
Windows Holographic” e “
Microsoft Hololens”, uma dupla de dispositivos que permite criar um ambiente de “realidade expandida” tridimensional;
- O Projeto Spartan, que resultou no desenvolvimento de um novo navegador, o sucessor do
Internet Explorer, cujo nome oficial será
Edge
e que apresenta características revolucionárias como a tomada de
anotações diretamente na página que está sendo exibida, compartilhamento
de itens contidos na página e alteração do modo de exibição para
facilitar a leitura;
- Integração completa com o dispositivo
XBox: Windows 10 oferecerá um aplicativo denominado XBox que transformará seu micro em um console para jogos XBox;
- A completa integração de Windows 10 com a “Internet das coisas”;
E mais umas tantas novidades interessantes.
Mas logo vocês tomarão conhecimento delas.
Afinal, faltam apenas dois meses para que muito provavelmente Windows 10 se abolete em seu computador.
É só esperar até lá e começar a explorar o sistema.
B. Piropo
Via TechTudo